O uso seguro e eficaz de Ionóforos na Manutenção da Integridade Intestinal em Aves
A integridade intestinal tem se tornado um foco central para pesquisadores na área da avicultura. Atualmente, o intestino é reconhecido como um dos órgãos vitais de maior importância, desempenhando um papel fundamental na absorção de nutrientes e no sistema de defesa das aves.
A adoção de boas práticas de manejo, juntamente com o uso de aditivos alimentares, desempenha um papel essencial no desenvolvimento de aves saudáveis e no bem-estar animal. O objetivo principal é manter um intestino íntegro e resistente a patógenos que possam desencadear respostas imunes prejudiciais.
O controle e prevenção de coccidioses, uma doença parasitária causada por protozoários do gênero eimeria, são elementos-chave desse processo. Em frangos de corte, a estratégia principal envolve o uso de anticoccidianos ionóforos e produtos químicos administrados via ração. Os ionóforos agem alterando o equilíbrio iônico das membranas celulares dos parasitas, o que resulta em sua morte. Em contraste, as drogas sintéticas atuam de maneira mais específica, afetando rotas metabólicas ou energéticas levando à morte dos parasitas por inanição (Chapman 1997; Allen and Fetterer 2002).
Os ionóforos se dividem em três categorias principais, monovalentes, monovalentes glicosídeos e divalentes, conforme a tabela abaixo:
Eles são derivados de processos fermentativos de microrganismos distintos e têm a capacidade de combater além da coccidiose, as bactérias gram+, como Clostridium spp, conforme citado pela EFSA (Autoridade Europeia de Segurança Alimentar). Dentre os ionóforos, a Salinomicina é a que apresenta melhor ação no controle do Clostridium, segundo a EFSA, ela possui ação a partir da concentração de 0,5–16 mg/L contra todas as espécies bacterianas Gram+ testadas.
Quando se trata de coccidiose, embora a resistência seja uma preocupação, os ionóforos demonstram uma menor tendência a desenvolver resistência quando comparados a outros agentes químicos. A resistência pode ser definida como a capacidade de um microrganismo sobreviver à exposição a um medicamento anteriormente eficaz devido a mutações genéticas e acúmulo de genes de resistência. Apesar de uma menor tendencia de desenvolvimento de resistência, dependendo do ionóforo de escolha pode ocorrer resistência cruzada entre as moléculas da mesma classe, devido a sua estrutura química semelhante.
Segundo Chapman (2007), a resistência cruzada é a capacidade de um medicamento desenvolver resistência através do uso de outro medicamento. A evidência de resistência cruzada dentro de uma classe de ionóforos pode ser dada pelo fato de que, após anos de uso de monensina, foi encontrada resistência à narasina nos Estados Unidos antes mesmo do lançamento do produto (Weppelman et al., 1977).
Com isso, percebemos que a rotação de anticoccidianos ionóforos dentro de um mesmo programa nem sempre é necessária. Ao escolher a associação de um anticoccidiano químico com a Salinomicina na primeira fase de produção, seguida pelo uso de Salinomicina na segunda fase, reduz-se o risco da sub dosagem por conta das misturas de rações nas trocas de fases e consequente resistência. Com isso, maximiza-se a eficiência do programa, garantindo a dosagem mínima necessária durante todo o processo, segundo a EFSA a salinomicina tem ação sob coccidioses e Clostridium spp a partir de 50ppm.
A decisão de rotação de programas e escolha das moléculas deve ser baseada em fatores como a época do ano, análise dos índices zootécnicos e diagnóstico de prevalência das Eimerias no campo, geralmente obtido por meio de necrópsias de aves. Estudos demonstram que a ação de cada molécula contra diferentes tipos de Eimerias é variável, destacando a importância de entender as especificidades de cada princípio ativo.
Em resumo, a coccidiose é um desafio significativo na indústria avícola. A implementação de boas práticas de manejo e controle ambiental, juntamente com a escolha adequada do programa anticoccidiano é fundamental para o sucesso no combate a essa enfermidade. O monitoramento constante e a tomada de decisões baseadas em diagnósticos precisos são cruciais para a prevenção eficaz.
Referencias:
N.B. Logan, M.E. Mckenzie, D.P. Conway, L.R. Chappel, N.C. Hammet. Anticoccidial e icacy of semduramicin. 2. Evaluation against field isolates including comparisons with salinomycin, maduramicin and monensin in battery tests. Poultry Science Volume 72, 1993. EFSA. Safety and e icacy of Sacox® microGranulate (salinomycin sodium) for chickens for fattening and chickens reared for laying. EFSA Journal, 2016. doi: 10.2903/j.efsa.2017.4670
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